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MPF Reafirma Fraude da Suzano em Terras Quilombolas no Espírito Santo

MPF Reafirma Fraude da Suzano em Terras Quilombolas no Espírito Santo

Ações civis públicas visam anular matrículas irregulares em territórios do Sapê do Norte e responsabilizar Suzano, Estado e BNDES

O Ministério Público Federal (MPF) reafirmou, em nova manifestação judicial, que a empresa Suzano S.A. (ex-Aracruz Celulose e ex-Fibria) cometeu fraudes para registrar ilegalmente terras devolutas nos territórios quilombolas tradicionais do Sapê do Norte, situados nos municípios de Conceição da Barra e São Mateus, no norte do Espírito Santo. A manifestação foi apresentada pela Procuradoria Regional da República da 2ª Região (PRR2), nos autos das Ações Civis Públicas nº 0104134-87.2015.4.02.5003/ES e nº 0000693-61.2013.4.02.5003/ES.

Empregados ‘laranjas’

O MPF pede a anulação de cerca de 30 matrículas de imóveis registradas de forma fraudulenta pela empresa e responsabiliza também o Estado do Espírito Santo e o BNDES. Segundo a manifestação, a Suzano utilizou funcionários como "laranjas" para obter titulação ilegal de terras públicas, conforme já denunciado pela CPI da Aracruz em 2002.

Reparação e suspensão de financiamentos

A manifestação, assinada pelo procurador regional Tomaz Henrique Leonardos, destaca que a nulidade das matrículas pode ser julgada com base nas provas existentes, independentemente do andamento dos processos administrativos de titulação dos territórios quilombolas conduzidos pelo Incra. O órgão também responsabiliza o Estado pela demora na regularização fundiária e cobra do BNDES a suspensão de financiamentos à empresa na região.

Acordo?

Em decisão de 2021, o juiz federal Nivaldo Luiz Dias determinou a anulação das matrículas, a titularidade das terras devolutas ao Estado, o pagamento de R$ 1 milhão por danos morais coletivos pela Suzano e a suspensão de operações de crédito do BNDES à empresa.

Apesar dos avanços judiciais, a regularização segue travada. A Mesa Estadual de Conflitos Fundiários, coordenada pela SEDH, tenta intermediar um acordo entre a Suzano e as comunidades, mas enfrenta resistência da empresa, que ofereceu apenas 2,5 hectares por família, contra os 10 hectares solicitados.

O caso do Sapê do Norte é emblemático da histórica violência fundiária contra povos quilombolas e da urgência de uma política efetiva de justiça territorial e reparatória no Espírito Santo.

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Por: Redaçâo Local | Jailson Santos